Nanci Venâncio
Curso Solid waste management
Período junho a julho de 2007
Era o ano de 2007. Participando de um Seminário de Educação Ambiental, conheci o Projeto “Menos lixo, mais Vida”, um projeto da Prefeitura da Cidade de São Paulo – Secretaria de Serviços, com cooperação técnica da JICA. Sempre, no cargo de Diretora de Escola da Rede Municipal de Ensino, pretendia implantar Projetos de Educação Ambiental na Escola, especialmente aqueles ligados à gestão de resíduos. No intervalo do seminário fui conhecer os palestrantes e fiz algumas perguntas sobre o que foi apresentado. Ao final dos trabalhos, vieram me chamar, pois os peritos da JICA queriam conhecer alguns diretores e as escolas sob sua gestão.
Com muita satisfação, alguns dias depois, recebemos os peritos da JICA, juntamente com servidores da Limpurb da Secretaria de Serviços. Nesse dia convidamos os coordenadores pedagógicos e diretores de escolas daquela região da cidade para participar de um seminário mais compacto, porém que trazia conteúdos importantes a respeito do projeto. Os peritos gostaram muito do que viram e julgaram haver ali potencial para a implantação e multiplicação dessas ações. Surgiu dessa visita o convite pela Secretaria de Serviços para que eu fizesse parte da comitiva que iria ao Japão para treinamento na Secretaria do Verde da Cidade de Osaka, além de visitas a empresas, parques e indústrias que tinham a ver com o programa de cooperação técnica.
O curso intitulado “Solid Waste Management”, vinha atender a tudo o que eu esperava para atuar nessa área na Educação Básica. Tudo que aprendi no curso posso dizer que são ações factíveis e possíveis de ser implantadas. Eu era a única educadora de escola pública representando a Cidade de São Paulo no grupo que esteve no treinamento. Percebi que poderia trazer todos os meus conhecimentos que adquiri para as escolas da minha região, e assim atender à necessidade de educar as crianças e suas famílias a produzir menos lixo, reaproveitar as embalagens e iniciar a coleta seletiva tão premente em função dos problemas gravíssimos que temos com o lixo gerado. Um mês após o meu retorno, apresentei um seminário em que houve a participação da Secretaria de Serviços e da JICA, tendo como público alvo os educadores.
Houve apresentações dos alunos com música, teatro e desenhos em murais sobre o tema. Mas minha aprendizagem ultrapassou e muito o curso proposto. Aprendi, com a cultura japonesa, a simplicidade, a gratidão, a resiliência, o respeito, a disciplina, e passei a admirar este país e seu povo. Um país que respeita seus cidadãos com políticas públicas sérias, com projetos que entram em execução rapidamente, e o desperdício em tudo é zero! Quando retornei ao Brasil, fiz duas matérias para mídias de circulação regional, onde registrei o que vi e o que senti. Sabia que ali estava minha grande oportunidade de agradecer pelo que havia recebido. Fiz um roteiro de palestras pelas escolas, montei um projeto piloto que poderia ser visto, mensurado, acompanhado por todos que quisessem.
Geograficamente, minha escola tinha uma posição central na região, estava ao lado da Diretoria Regional de Ensino, e assim fui sendo convidada para expor o trabalho e meus conhecimentos. Sempre citei a JICA nas minhas exposições e inserções nas mídias, pois sem ela, nada disso teria sido possível. Após 3 anos de trabalho, fui chamada para uma avaliação do trabalho por membros da Secretaria de Serviços – Limpurb. Com tudo documentado, o material foi entregue aos peritos. Para minha surpresa, fui chamada em janeiro de 2010 por dois integrantes da JICA vindos do Japão. Eles queriam me conhecer e saber do trabalho. E com eles havia um texto escrito por mim, traduzido em japonês. Nossa, que orgulho! Fui então convidada para fazer um follow-up em continuidade ao trabalho. Desse encontro surgiu um projeto follow-up que atendeu a 1500 jovens de escola técnica com o foco na Educação Ambiental.
Só tenho a agradecer à JICA por tudo que aprendi. E tenho um carinho especial pela ABJICA, na figura de seu presidente atual, que me ajudou muito na hora em que eu precisei entender os procedimentos do follow-up, e que me permitiu concluir meu trabalho com mais tranquilidade e segurança. Um trabalho que só começou. Temos muito ainda por fazer. Com carinho e gratidão.